O ex-deputado federal Jean Wyllys entrou na Justiça, nesta quinta-feira (28), contra dez bolsonaristas por propagarem mentiras que o associam à Adélio Bispo, autor da facada no então candidato Jair Bolsonaro. As ações implicam como réus o autoproclamado filósofo Olavo de Carvalho; o vereador Carlos Bolsonaro; os deputados federais Eduardo Bolsonaro, Bibo Nunes e Bia Kicis; o advogado Frederick Wassef; o empresário Otávio Fakhoury; os youtubers Oswaldo Eustáquio e Ed Raposo; e o militante bolsonarista Luciano Mergulhador.
O ex-deputado ainda moveu ação contra a pessoa jurídica do Movimento Avança Brasil. Wyllys cobra de cada um dos implicados a retirada do conteúdo falso de suas plataformas sociais, o pagamento de indenizações entre R$ 20 mil e R$ 100 mil por danos morais e a retratação pública nas mesmas plataformas em que foi divulgado o material ofensivo.
“Estou lutando contra uma indústria de fakenews, contra o uso sistemático e premeditado de mentiras para difamar adversários, incendiar milícias digitais e desviar o foco dos escândalos governamentais e de seu projeto de poder autoritário”, afirmou Wyllys.
As notícias falsas que motivaram os processos originaram-se em uma live feita por Oswaldo Eustáquio com Luciano Mergulhador em 26 de abril deste ano. No vídeo, o militante bolsonarista afirmou ter conhecido Adélio e elocubrou, sem provas, sobre as conexões entre o autor da facada e Wyllys. Já o youtuber foi taxativo: “Jean Wyllys é o elo da câmara dos deputados com Adélio Bispo, está claro!”
Um dia depois, ao ser interrogado pela Polícia Federal, Mergulhador não manteve a versão e disse apenas se recordar de alguém ter comentado sobre Wyllys. Entretanto, a campanha de difamação da rede bolsonarista já estava operando, tendo entre os principais protagonistas os bolsonaristas agora processados pelo ex-deputado.
A campanha difamatória aconteceu dois dias após a demissão do ministro da Justiça Sérgio Moro, período em que a rede bolsonarista na internet buscava defender o presidente da República das acusações de interferência política na Polícia Federal.
“Esta é a prática recorrente do bolsonarismo: sequestrar a verdade, torturar os fatos até que eles sirvam aos seus propósitos políticos. A Justiça precisa responder à altura dos riscos que corre a democracia brasileira”, disse um dos advogados de Jean Wyllys, João Tancredo.
“A indústria das fake news com objetivos políticos tem avançado de maneira inescrupulosa no Brasil e não pode mais ser tolerada. Demos início a esses processos e estamos preparando mais para as próximas semanas.”, afirmou o outro advogado de Wyllys, Lucas Mourão.
No último dia 12 de maio, uma decisão da 40ª Vara Cível do Rio já determinou que Google, Yahoo! e Microsoft excluam de suas buscas 21 endereços de páginas que publicaram a notícia falsa de seu cliente.