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Advogados do músico morto fuzilado pelo exército pedem indenização na Justiça Federal

Notícia Externa

Por Marcelo Gomes – Globonews – 23/07/2019

Evaldo dos Santos morreu após militares alvejarem seu veículo com mais de 60 tiros. Ao todo, 257 tiros foram disparados na região. Envolvidos no crime respondem em liberdade.

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Os advogados da família do músico Evaldo dos Santos Rosa, morto fuzilado por militares do Exército, em Guadalupe, na Zona Oeste do Rio, no dia 7 de abril, entraram com uma ação na Justiça Federal contra a União, pedindo indenização por danos morais e materiais. O veículo onde estava com a família a caminho de um chá de bebê foi atingido por 62 tiros.

Segundo peritos da Delegacia de Homicídios, no dia da morte do músico 257 tiros de fuzil e de pistola foram disparados naquela região. No total, 62 disparos acertaram o carro da família.

Ricardo Dezzani, advogado da família de Evaldo dos Santos, acredita que somente uma condenação com valores expressivos pode ajudar para que novos episódios como esse não aconteçam.

“Nesse aspecto do dano moral é importante que haja uma condenação com valores expressivos para que desestimule as forças de segurança a reincidir em condutas dessa natureza. Já vem acontecendo recorrentemente no Estado do Rio de Janeiro. É algo quase que cotidiano”, disse o advogado.

Evaldo morreu com nove tiros. Na mesma ação do exército, o catador de material reciclável, Luciano Macedo, que estava passando pela rua e tentou ajudar a família de Evaldo também foi atingido e morreu.

“Todos os dias quando eu durmo e quando eu acordo (pensa no ataque dos militares). Não tem como esquecer. Nunca mais na minha vida”, disse Luciana dos Santos Nogueira, viúva de Evaldo, que também estava no carro naquele dia.

O sogro do músico assassinado também estava no veículo naquela tarde de domingo. Sérgio Gonçalves de Araujo foi ferido na perna e nas costas por tiros e estilhaços. Só depois de três meses voltou a trabalhar.

“Se eu tivesse a intuição de correr seria pior porque aí, com certeza, eles iam me matar”, contou Sérgio.

Nenhuma assistência

A família de Evaldo afirmou durante entrevista na Globo News que mesmo após quase quatro meses do ocorrido, as autoridades nunca prestaram nenhuma assistência aos envolvidos.

“Até agora nenhuma. Eu acredito que os responsáveis têm que pagar. Não podem ficar impune. Da mesma forma que foi a minha família, pode ser outra família ou outras pessoas do bem. Eu espero que seja feito justiça”, disse Luciana.

12 militares são reus

Os 12 militares suspeitos de participar da ação que resultou na morte do músico e do catador se tornaram réus no dia 11 de maio. Eles vão responder por homicídio qualificado, tentativa de homicídio qualificada e omissão de socorro.