Vitor Santiago retornava para casa no Complexo da Maré após assistir ao jogo do seu time do coração, Flamengo, em 12 de fevereiro de 2015, quando militares da Força de Pacificação abriram fogo contra o carro em que estava. Vitor, que estava no carro com mais quatro amigos, foi atingido no braço e barriga. Os agentes do Exército inicialmente afirmaram que os rapazes atiraram primeiro, mas mudaram sua versão ao constatar que um deles era sargento da Aeronáutica e passava férias no Rio, dizendo que os jovens passaram em alta velocidade e desobedeceram à ordem de parar. A investigação, porém, mostrou que o alegado pelos agentes não era verdade. A falta de treinamento de forças militares para atuação em comunidade e o modelo de segurança pública que prioriza o extermínio e promove o genocídio da juventude negra fizeram mais uma vítima: Vitor Santiago ficou paraplégico e teve uma perna amputada.
João Tancredo Escritório de Advocacia moveu ação em face da União Federal pedindo todo o necessário para reparação integral do dano causado ao jovem e sua família, ou seja, pensionamento mensal, tratamentos médicos, incluindo psicólogo e fisioterapeuta, próteses, cadeiras de rodas motorizadas, adaptação do apartamento onde reside Vitor, veículo adaptado, acompanhantes, além de dano moral e estético. Em sua enorme maioria, os requerimentos foram acolhidos pelo Poder Judiciário e hoje o processo está em fase de recurso ao Tribunal Regional Federal.