Por Marcus Vinicius Anjos e Isabel Boechat – GloboNews – 20/06/2022 12
A família de Marcus Vinícius da Silva, de 14 anos, que morreu há quatro anos, após ser baleado a caminho da escola no Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio, ainda aguarda que o caso seja solucionado. O inquérito da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) ainda não foi encaminhado à Justiça.
O tiroteio que acabou com a morte do adolescente completa quatro anos nesta segunda-feira (20).
Marcus Vinícius foi atingido por uma bala perdida durante uma operação de forças de segurança da Polícia Civil e do Exército na comunidade. O objetivo era cumprir 23 mandados de prisão e checar informações de inteligência.
Segundo o advogado que defende a família, a Polícia Civil não divulgou os nomes dos agentes que participaram da ação no conjunto de favelas.
Um dos objetivos da ação era encontrar suspeitos de envolvimento na morte do inspetor Ellery de Ramos Lemos, chefe de investigações da Delegacia de Combate às Drogas (DCOD), em Acari, na Zona Norte.
Durante a operação, Marcus Vinícius foi atingido nas costas e o tiro perfurou a lombar a atingiu o abdômen. Ele chegou a ser levado para uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) na comunidade e depois foi transferido para o Hospital Getúlio Vargas, mas não resistiu aos ferimentos.
Outros seis homens, identificados como suspeitos, também morreram.
Bruna da Silva, mãe de Marcus Vinícius, trabalhava na época como doméstica em Copacabana, na Zona Sul do Rio. Ela teve que pedir demissão por não conseguir se dedicar às funções do trabalho após a morte do filho.
“Enquanto defensora de Direitos Humanos eu tenho medo. Pois quando eles encontram um defensor dos direitos humanos a gente apanha. Eu não. Mas a gente sabe que quem é defensor de direitos humanos é esculachado. Eu estou aqui, na Maré, e tenho medo. Porque o policial me conhece, mas eu não o conheço. Só que nada me faz parar”, afirmou a mãe de Marcus Vinícius.
No processo, em julho de 2018, a Justiça negou verba para tratamento psicológico particular para a mãe de Marcus Vinícius. A alegação é que o Estado tinha o serviço e deveria prestar para ela.
Em dezembro do ano passado, a Justiça condenou o estado a pagar danos morais no valor de R$ 100 mil para cada um dos avós e a mãe da criança. O poder estadual recorreu da sentença.
“É importante continuarmos na rua, denunciando o que vem nos acontecendo e o que vem sendo feito com a gente. A gente não vai parar. Vamos continuar na rua, cobrando justiça. Vamos estar nas ruas, apontando os assassinos dos nossos filhos. A gente quer uma justiça para todos”, disse Bruna.
O que diz a polícia
Procurada, a Polícia Civil informou que a investigação está em andamento na Delegacia de Homicídios da Capital e “já foram realizadas diversas oitivas e perícias”.
Ainda segundo a polícia, atualmente, o inquérito encontra-se no Ministério Público, com pedido de prazo para prosseguimento das investigações.