A Justiça Militar ainda não definiu nova data para o julgamento dos militares acusados de matar com mais de 200 tiros o músico Evaldo dos Santos Rosa, de 51 anos, em Guadalupe, no Rio de Janeiro.
O caso seria analisado nesta quarta-feira (7), dia em que o crime completa dois anos, na Auditoria da 1a Circunscrição Judiciária Militar. O Ministério Público Militar quer a condenação a prisão de oito dos 12 militares do Exército que fizeram disparos contra o carro de Evaldo.
No despacho que suspendeu o julgamento, a juíza federal da Justiça Militar Mariana Aquino mencionou os decretos do governo e do município do Rio que restringiram atividades para conter o avanço do coronavírus, “cujos índices de contaminação e óbito estão em ascensão”.
No dia 7 de abril de 2019, um domingo, Evaldo dirigia o carro que levava a esposa, Luciana Nogueira, o filho de 7 anos, o sogro e uma amiga para um chá de bebê. O veículo foi alvo dos fuzis e das pistolas dos militares, que acharam se tratar de um assaltante.
O Ministério Público Militar também quer a condenação dos oito militares pela morte do catador de materiais recicláveis Luciano Macedo – que tentou ajudar Evaldo enquanto era alvo dos tiros dos militares – e por tentativa de homicídio contra o sogro de Evaldo, atingido de raspão.
Laudo feito à época do crime mostrou que foram pelo menos 257 disparos efetuados contra o carro. Nas alegações finais feitas no processo, reveladas pela CNN em fevereiro, o MPM afirma ter comprovado 82 tiros, mas deixa claro que houve dificuldade para comprovar quantos disparos exatamente cada militar envolvido na ação disparou. Evaldo levou oito tiros nas costas.
“Mataram, com 82 disparos (!!!), um músico que estava desfalecido dentro de seu carro e cuja esposa e filho de 7 anos tinham acabado de sair correndo para pedir ajuda, feriram um idoso e feriram mortalmente um catador de recicláveis que apenas se aproximou do veículo para prestar ajuda atendendo aos gritos de socorro da esposa de um homem inconsciente”, diz trecho da manifestação do MPM.
Nas alegações finais ao processo, a defesa dos militares pede a absolvição de todos os envolvidos com a alegação de que o grupo agiu “no estrito cumprimento das Leis, em atos de Legitima Defesa e regras de engajamento”