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Justiça condena oito militares pelas mortes de músico e catador no Rio

Por Jornal Nacional – 14/10/2021

A Justiça condenou oito militares pelas mortes do músico Evaldo Rosa e do catador de latas Luciano Macedo em 2019, no Rio.

Quinze horas de julgamento, mais de dois anos sem respostas, até que a decisão foi anunciada no início da madrugada desta quinta-feira (14) e pôs um ponto final à aflição da família.

“Vocês não têm noção de eu poder chegar em casa e dar essa notícia paro meu filho. O meu medo era o medo da injustiça. O medo de não acontecer uma justiça digna”, diz a viúva Luciana dos Santos Nogueira.

A Justiça Militar condenou oito dos 12 militares presentes na ação por duplo homicídio e tentativa de homicídio.

O crime foi em abril de 2019. O músico Evaldo Rosa ia com a família para um chá de bebê quando os militares atiraram 257 vezes com fuzis e pistolas. Sessenta e dois tiros atingiram o carro. Evaldo estava dirigindo. O sogro dele, a esposa, o filho do casal, de sete anos, e uma amiga da família também estavam no carro. Os quatro escaparam com vida. O catador de latinhas Luciano Macedo parou para ajudar e também foi baleado. Ele morreu dias depois no hospital.

Os 12 militares acompanharam o julgamento uniformizados. A viúva de Evaldo passou mal.

O tenente Ítalo da Silva Nunes, que comandava a ação, recebeu a maior pena. Ele foi condenado a 31 anos e seis meses de prisão. Sete militares receberam pena de 28 anos. Outros quatro que estavam no local do crime, mas não atiraram, foram absolvidos. Todos os 12 foram absolvidos do crime de omissão de socorro.

Os oito militares condenados foram expulsos das Forças Armadas. Eles vão poder recorrer em liberdade.

“Essa condenação não é definitiva. Ela não traz justiça aos autos. E a defesa dentro do prazo legal fará e apresentará o recurso para instância superior”, afirma Paulo Henrique Pinto de Melo, advogado de defesa.

Foi a primeira noite de alívio para a família, que testemunhou e sobreviveu às centenas de tiros.

“Eu precisava disso, que a Justiça fosse feita, para que eu pudesse estar honrando a honra do meu marido”, diz a viúva.

Assista o vídeo da reportagem aqui.