Luciano Macedo, que levou um tiro ao ajudar a família cujo carro foi atingido por mais de 80 disparos, deverá ser transferido para o hospital Moacyr Carmo, em Duque de Caxias.
Por Henrique Coelho – G1 – 17/04/2019
A juíza Maria Izabel Pena Pieranti ordenou, na noite da última terça-feira (16), que o catador de materiais recicláveis Luciano Macedo seja transferido do Hospital Carlos Chagas, em Marechal Hermes, para o Hospital Moacyr Carmo, em Duque de Caxias.
Luciano foi baleado no dia 7 de abril, em Guadalupe, Zona Norte do Rio de Janeiro, ao prestar socorro à família do músico Evaldo Santos Rosa, que morreu ao ter o carro alvejado por militares do Exército.
De acordo com a advogada da família, Maria Isabel Tancredo, o estado de Luciano é gravíssimo e a transferência deve acontecer com urgência.
“Luciano respira por ventilação mecânica, usando dreno de tórax e sedativos. Ele apresenta febre recorrente, sinalizando quadro de infecção generalizada, o que pode ser fatal. A decisão estipula um prazo de seis horas, a partir da intimação do estado e do município do Rio, para a transferência, o que deve acontecer muito em breve”.
Caso a decisão da Justiça não seja cumprida nesta quarta-feira (17), será cobrada uma multa de R$ 2 mil por hora nas primeiras 24 horas e R$ 5 mil a partir de então. Segundo a advogada, neste caso a família também solicitará que a transferência seja feita para um hospital privado e que todos os custos sejam pagos pelo poder público.
Luciano foi baleado ao ajudar a família que era alvo de militares
Na ocasião em que Luciano foi baleado, o automóvel de uma família foi atingido por mais de 80 disparos, segundo perícia realizada pela Polícia Civil. As cinco pessoas que estavam no carro iam para um chá de bebê: Evaldo, a esposa, o filho de 7 anos, o sogro de Evaldo (padastro da esposa) e outra mulher.
Evaldo dos Santos Rosa, de 51 anos, morreu na hora. O sogro dele, Sérgio Guimarães de Araújo, foi baleado nos glúteos e segue internado no Hospital Albert Schweitzer, em Realengo. Seu quadro de saúde é estável. A esposa, o filho de 7 anos e a amiga não se feriram.
Dez dos 12 militares do Exército que estavam na patrulha foram presos após prestarem depoimento sobre a ação. A investigação do caso ficará a cargo da Justiça Militar.
Segundo a Polícia Civil, “tudo indica” que o veículo foi confundido com o de criminosos.