João Tancredo – Escritório de Advocacia

Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto

Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto
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Hoje, Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, é um dia de reflexão, dor e respeito. Deveria ser um dia em que nos lembramos dos horrores que a humanidade é capaz de fazer contra si mesma e pensarmos como podemos evitar que se repita. Nós prestamos homenagem às vítimas e nos solidarizamos com todos os judeus.

Foram 6 milhões de mortes estimadas nos 12 anos de subida ao poder de Hitler ao fim da Segunda Guerra [1933-1945]. Em uma política pública voltada para a eliminação de todo um segmento da população, não só alemã, como dos países anexados, o governo do Terceiro Reich atuou dentro das leis (da época). Montou estruturas governamentais para tal propósito, defendeu suas ideias com propaganda e nos discursos de seus líderes políticos. Jornais defendiam que o povo judeu era sujo, ladrão, trazia doença, enfraquecia a população alemã, roubava o país, feria a economia.

“Judeu bom é judeu morto.”

Não há registros de que a frase acima tenha sido usada na Alemanha na época, mas é um sentimento similar ao do nazista. E ele choca bastante nós, brasileiros, porque é o sentimento de boa parte do povo em relação a segmentos da população. É a ação dos agentes de segurança pública voltada para partes específicas da nossa sociedade. É o discurso de políticos, de vereadores a presidente, no Executivo, Legislativo e no Judiciário. Se reflete em matérias de jornais e nos grupos de Whatsapp.

No Brasil, os relatórios oficiais são assustadores e a subnotificação é uma triste realidade. Mesmo assim, 38.507 pessoas faleceram no país por conta de ações de agentes de segurança entre 2009 e 2017. Foram 361.382 homicídios da população negra brasileira entra 2009 e 2017. Mortes violentas de mulheres no Brasil entre 2009 e 2017 foram na ordem de 41.800 pessoas. Em toda nação, entre 2011 e 2019, 2.759 cidadãos LGBTQ+ morreram. O Brasil aparece frequentemente na lista dos países que mais mata sua população negra, que mais mata suas mulheres, que mais mata sua população LGBTQ+.

As estruturas para esse extermínio estão montadas e vêm atuando durante décadas. O genocídio brasileiro segue firme e forte, acabando com vidas em todo o território nacional, mas com uma preferência por peles mais escuras, pela metade da população que pode gerar mais vidas, por pessoas que expressam sua identidade como elas sentem e não como os outros querem que elas sejam.

Em um dia para refletir e gritar “NUNCA MAIS”, nosso país continua afirmando que é assim SIM. Então, hoje, lamentamos pelos horrores do nosso passado coletivo como humanidade; e choramos pelos horrores do nosso presente como nação.

 

*- Dados retirados de:
– Relatórios Anuais de Mortes LGBTI+ do Grupo Gay da Bahia – GGB
– Atlas da Violência do IPEA
– Fórum Brasileiro de Segurança Pública
– Monitor da Violência do G1